No Brasil, os gastos sociais são contidos para dar lugar ao pagamento de dívidas, incluindo as dos bancos, pois os governos acreditam que para conter a crise global a solução é o salvamento do setor financeiro pelos Estados.
A Presidente Dilma prometeu ao Presidente do Banco Central manter e aprofundar o ajuste fiscal, aumentando o superávit primário (ou seja, a reserva de recursos para o pagamento da dívida) em R$ 10 bilhões. Tal promessa foi necessária para que o BC anunciasse a tímida queda de 0,5% na Taxa Selic. Explicando: cerca de R$ 10 bilhões anuais a menos no pagamento de juros da dívida foram anulados pela decisão de aumentar o superávit primário.
Atualmente os bancos que foram salvos pelos governos apresentaram lucros gigantescos, mas para que os executivos dos bancos continuem ganhando muito bem, necessário se fez o corte dos os gastos sociais, que são contidos para dar lugar ao pagamento de dívidas, incluindo as dos bancos, pois os governos acreditam que para conter crise global da dívida é o salvamento do setor financeiro pelos Estados.
Uma das graves conseqüências da atual política de ajuste fiscal recai sobre o sistema de saúde, mais precisamente sobre o sistema de tratamento para dependentes de drogas no país. Já que o governo descumpriu todas as metas anunciadas há um ano no Plano de Enfrentamento ao Crack.
Dos 136 Centros de Atenção Psicossocial (Caps) especializados em drogas previstos para o fim deste ano, apenas 20 saíram do papel. Só dez unidades funcionam 24 horas no país, embora 110 tenham sido anunciadas e os 250 unidades, entre os 2,5 mil leitos em hospitais gerais prometidos, chegaram a ser abertos .
A questão das drogas não é apenas não é preocupação dos governos, mas de toda a sociedade brasileira, que sofre com o aumento da criminalidade: roubos, furtos, assassinatos, assalto e outras tantas formas de violência e isso sem colocar o fim da vida de tantos jovens, que passam a viver em condições sub-humanas.
Existe ainda o fato que a droga vai se alastrando pela sociedade quando a própria sociedade não se importa com os efeitos que ela causa na população, nos seus filhos, nos filhos dos seus amigos. O olhar de indiferença surtirá seus efeitos maiores no futuro quando o número de viciados aumentarem e a sociedade arcar com o custo para tratá-los ou recuperá-los.
O custo para tratar é muito mais alto do que o custo para prevenir e cuidar dos que já estão aí vencidos e atemorizados e pior direcionando outros para alongar a fila, financiando as armas do tráfico de drogas.
Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria desabafou: “o atendimento hoje é insuficiente.” São pessoas que precisam passar por um processo de desintoxicação. Falando de crack, então, não podemos prescindir da internação, mesmo breve. Mas os Caps simplesmente não funcionam à noite".
Já Magalhães, secretário do Ministério da Saúde, que reconheceu a carência do nosso sistema. "É verdade que temos avançado pouco na questão da dependência química. Vale destacar, porém, que eles sozinhos não adiantam. É preciso a rede funcionando, que inclui serviço social, educação, prevenção".
Um país que paga dívidas de bancos com o dinheiro do povo e fecha seus olhos para as necessidades sociais, não se pode dizer que seja um Estado que esta evoluindo. Um país que dá bolsa esmola e não implanta nenhuma política de controle da natalidade.
Um país que engaveta a reformaria tributária e não coloca como meta tributar as grandes fortunas para que as riquezas possam ser distribuídas com justiça social e prefere o desconto fiscal na folha de pagamento do trabalhador, jamais será um país de economia sólida.
Chegou a hora de fazer uma releitura das nossas políticas e implantar políticas que realmente surtam efeito, pois não é pagando dívidas de bancos que o Brasil vai cumprir as metas anunciadas para enfrentamento do crack e outras drogas.
Muitos se recusam a ver a realidade, mas a verdade é que não é nada humano ver esses jovens jogados nas ruas e vivendo como bichos. Uma pintura nada bonita ou de se orgulhar. Ver esses jovens transformando de pessoa humana a seres sub-humanos é muito triste para uma sociedade, para o país, para os amigos e para os pais.
Senhora Presidenta esta na hora de rever as políticas sociais e de convidar a sociedade a manifestar sobre se querem a ruína dos jovens ou a falência dos bancos.
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